sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Bolívia
O que se pode esperar do governo socialista de Evo Morales?

Por Antonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Por que as eleições na Bolívia têm tido tanto destaque nos meios de comunicação do Brasil? O que a eleição de Evo Morales à presidência daquele país, em 18 de dezembro de 2005, significa - para a própria Bolívia, para o Brasil e para a América Latina?
Essas são algumas das perguntas que você pode estar se fazendo diante do destaque que a imprensa tem efetivamente dado à política boliviana nos últimos quinze dias. Vamos tentar respondê-las de maneira ampla, mas, de antemão, devemos esclarecer que algumas têm respostas mais simples, outras mais complexas, na medida em que dependem de acontecimentos futuros.
Afinal, está mais do que comprovado que, em qualquer lugar do mundo, uma coisa é o que diz o candidato quando está em campanha, outra muito diferente costuma ser o que ele faz quando assume o poder.
História e simbolismoVamos, então, começar pelas questões mais simples. Em primeiro lugar a eleição em 1º. turno de Evo Morales tem um inquestionável caráter histórico e simbólico, ele é o primeiro indígena a ser eleito presidente da Bolívia, um país em que a maioria da população (85%) é composta por indígenas e mestiços.
Além disso, é um candidato de esquerda, seu partido é o MAS (Movimento ao Socialismo). Ou seja, trata-se, em princípio, de mais um político de esquerda a se eleger na América do Sul e num país cuja tradição governamental, na segunda metade do século 20 e no início do século 21, é basicamente de direita.
A vitória de Morales no 1º. turno, em eleições que decorreram com bastante tranqüilidade, foi de certa forma um resultado que deve garantir a paz na Bolívia por um certo tempo. A política do país, desde a independência, em 1825, sempre foi bastante tumultuada, com seqüências sucessivas de revoluções e governos ditatoriais.
Violência e tumultos
Acreditava-se que Morales iria para o 2º. turno. Naquele país, isso ocorre no Congresso, o qual costuma dar a vitória aos candidatos das elites e não àqueles que obtiveram a maioria nas urnas. Ora, se isso acontecesse no caso de Morales, o resultado seria fatalmente violento. Manifestações de protesto e muitos tumultos certamente poderiam explodir.

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